Amigos,
Feliz Natal. E o que quer dizer isso?
Podemos escolher entre ver as coisas como todos fazem. Uma pedra é uma pedra. Uma porta, idem. Com a ilusão feliz e inocente de que basta olhar as coisas para saber o que são. Natal? Simples, diriam, é o dia do nascimento de Jesus. E ponto. Seria como pedissem para falar sobre uma pessoa. E de logo se enumerassem quantos braços, pernas, olhos e ouvidos. E, por óbvio, um sorriso ao final da explanação.
Dizer o que é o Natal é, necessariamente, abrir o olhar para o que ele significa. De modo real. E interessado. Fazendo a real distinção entre ouvir e escutar. Cada dia mais difícil ante o barulho de nosso século XXI.
Em poucas palavras: creio que o Natal é renascer. Renascer contra a razão. É balançar. Aliás, chacoalhar nossa seriedade. Pôr de pernas para o ar nossas certezas. Trazer um frio na espinha às nossas seguranças mais confortáveis. Apanhar a razão que nos dá uma tranquilidade humana de manhã até a noite, e perguntar onde ela foi que não a encontramos. Passar a procurá-la por toda a casa, nos cantos mais improváveis, enquanto ela está ao nosso lado e levanta o tapete para olharmos. Aliás, ainda agradecemos a ela o trabalho na busca por ela mesma. E ela ri humilde ao nosso lado.
Natal é acreditar de coração que a força humana não é força. Que a inteligência humana é uma piada para Deus. Que nossos planos tão meticulosamente planejados em busca de poder e satisfação são mero vento. Pois a fonte de toda força mais profunda nos ensinou que real e verdadeiro poder é não ter poder. Que a real esperança é olhar lírios no campo. E que o verdadeiro reino não é nesse mundo. E que somos órfãos dos reais valores, os quais encontraremos na época certa. E isso, para mim, é o Natal. A vitória da Razão divina contra a mísera e soberba razão humana, que nada mais traz ao Homem, quando solitária da luz divina, do que meros engodos e simulacros de paz.
Natal é a época em que renascemos. Ou devemos fazê-lo. Não para as pompas e glórias. Mas, para a paz, a misericórdia, a pobreza de espírito, enfim, para o sermão da montanha. E lembramos que o detentor de toda a Força foi rejeitado de porta em porta, apenas encontrando um pobre e abandonado estábulo, em que apenas três pessoas: Maria, a que teve fé contra todas as evidências e circunstâncias; José, que, também por fé numa visão que ele acreditou ser de Deus, sem nenhuma razão científica, ou alguém para confirmar; essas duas pessoas, simples e de bom coração, viram nascer o Rei do Mundo dentro de uma manjedoura.
Feliz Natal.
Blog para discussão de direito e cultura em geral. Construindo conceitos e pontes entre ambos.
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